O estudante de Jornalismo e a Ditadura Militar

Passei no vestibular, e em 75 eu começo a fazer  jornalismo na Federal de Goiás, e vai indo tudo muito bem, até que no mês de outubro a Ditadura militar matar o Vladimir Herzog, que é um ano emblemático de perseguição da imprensa, é o ano de 75, e é o ano que eu começo fazer jornalismo né, quer dizer, aí a minha família ficou preocupada né, porque além da censura né aos jornais, a perseguição a jornalistas e o assassinato de um jornalista em uma situação misteriosa né, que eles dizem que ele se suicidou mas na verdade ele foi assassinado né durante uma sessão de tortura e eu sou levado a abandonar o curso, porque a minha família temia pelo meu futuro e era fatalmente, o que ia acontecer comigo era mais ou menos algo assim, que eu já era rebelde, já fazia música, já fazia música de protesto, já participava dos movimentos é…e olha que já estamos aí na metade da ditadura que em 74 fez 10 anos, isso acontecia no decimo primeiro ano de uma ditadura que vai durar 20 ano, então a gente não sabia quanto tempo isso ia durar…eu abandono a faculdade e tenho um período de errâncias aqui pelo Brasil mesmo, a minha fase de ripe, e eu dou um grande role pelo brasil, principalmente aqui pelo nordeste, Eu faço boa vista Arembepe na Bahia, que era a meca dos Ripes, era Arembepe né, aldeia Ripe de Arembepe, eu fiz Boa Vista Arembepe-Boa Vista, de carona nessa experiência Ripe que é uma experiência fantástica da minha vida também, conheço um Brasil de perto né, e é uma experiência muito radical, isso em 77, eu abandono a faculdade ainda em 75, passo 76 entre boa vista, Manaus, Belém e tal , e em 77 faço essa viagem mais radical, e quando volto, eu vou pra Venezuela e me auto exilo na Venezuela durante 2 anos, foram anos bem difíceis pra mim, eu fui pra Venezuela sem dinheiro, sem documento e sem falar o idioma. Em 79 vem o decreto de anistia, eu tenho notícia de que todo mundo vai voltar pra passar o natal de 79 em casa e eu digo todo mundo, que voltou nessa época o Fernando Gabeira, Paulo Freire, Miguel Arrais, é ..Betinho, todo mundo que estava exilado né, volta nesse momento e eu também, meio que acompanho, mesmo estando auto exilado, mas eu vivo isso também né, e volto.