Nasci em Boa Vista, quando ainda era capital do território federal do Rio Branco, então sou Rio Branquense (risos), e depois só em 1962 quando eu já estava com seis anos né, é que o território mudou de nome, um projeto de lei de um deputado federal que nós tínhamos lá, o Valério Magalhaes, ele é que apresenta esse projeto de mudança de nome pra não confundir com o Rio Branco-Acre e tal, e aí muda de Rio Branco pra Roraima, mas eu ainda sou do tempo do Território Federal do Rio Branco. Meus pais são amazonenses que vão pra lá, e… o papai vai em 1942, a mamãe vai em 1945, e eles se casam em 1947, e eu nasci em 1956. E esse casal de amazonenses, eles tinham nas suas adolescências, eles tinham uma vida é… eles não eram de Manaus, eles eram do interior do Amazonas, papai era do Manaquiri que é um grande lago amazônico, lá no Manaquiri ele era da beira desse lago, e a mamãe era do alto Solimões uma cidade chamada Jutaí, fica perto de Fonte Boa, na época dela ainda era município de Fonte Boa, depois que virou Jutaí. Então esse casal vai pra Roraima, com essa bagagem aí, né, de interior do amazonas, de comedores de peixe, de canoa, de pesca… então eles, lá em Roraima eles compram uma casa também na beira do rio, porque eles precisavam disso, de canoa, dessa vida que eles tinham…e a minha infância é essa aí, a minha infância é andando de canoa, pescando, dormindo na praia, eu tive uma infância , era uma infância muito é… um contato muito intimo com a natureza, por isso que mais tarde eu vou me tornar um poeta da natureza…o “grosso” da minha obra gira em torno da questão da natureza.
Essa cidadezinha aí, pequenininha né, o grupo escolar que eu estudava ali no Osvaldo Cruz, no Lobo Dalmada, e.. meus pais da igreja batista, eram evangélicos, então tem uma, eu tenho esse circuito escola, igreja, biblioteca pública, que tinha uma pequena biblioteca que onde eu e meu irmão vamos ler né, toda nossa formação é nessa biblioteca aí…e uma cidade ainda toda de rua de terra, andando de bike… eu tenho lembranças ótimas assim.